26 de mar. de 2009

.poesianalgumlugar.


"nalgum lugar em que eu nunca estive, alegremente além, de qualquer experiência, teus olhos têm o seu silêncio: no teu gesto mais frágil há coisas que me encerram, ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto. teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra embora eu tenha me fechado como dedos, nalgum lugar. me abres sempre pétala por pétala como a primavera abre tocando sutilmente, misteriosamente a sua primeira rosa.

ou se quiseres me ver fechado, eu e minha vida nos fecharemos belamente, de repente assim como o coração desta flor imagina a neve cuidadosamente descendo em toda a parte; nada que eu possa perceber neste universo iguala o poder de tua intensa fragilidade: cuja textura compele-me com a cor de seus continentes, restituindo a morte e o sempre cada vez que respira.

não sei dizer o que há em ti que fechae abre; só uma parte de mim compreende que a voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas. ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas."

23 de mar. de 2009

.arrepio.

Respeite-me. Mas não exagere. Porque aí fica chato.

13 de mar. de 2009

.escolha.

Ela não sabe o que quer. Sonha em voar. Outras vezes, porém, quer simplesmente sentir os pés bem fincados ao chão. Voar é bom, ela pensa. O chão, em contrapartida, mais seguro.

Então ela fecha os olhos e imagina: bom mesmo seria conseguir chegar ao céu com os pés no chão. Será que um dia ela consegue?

12 de mar. de 2009

.freedom.



.antes o atrito que o contrato.

.saudade.

Pertenço a um universo solúvel e sem fronteiras. Acho que sou capaz adaptar-me e de viver feliz em (quase) qualquer situação. Desde que estejam comigo os que me completam. Não sei está só. Não gosto. Gosto é de gente. Muita gente. Me agarro aos meus com unhas e dentes. Não se constrói nada sozinho. Não se escreve uma boa história sozinho. E como eu gosto de finais felizes, encontrei muitos pra escreverem comigo. Tenho medo de simplesmente passar por aqui. Quero deixar uma semente. Não importa do que seja, com tanto que seja bom. E quando a gente compartilha tem mais chance de aprender e ensinar. E é por isso que eu quero estar sempre perto; perto de quem me faz bem. Perto de quem um dia me fez bem. Queria trazer de volta para o meu convívio quem um dia dividiu comigo as bonecas, compartilhou descobertas. E é por isso que mesmo envolta de tanto carinho ás vezes me vejo como um rio de saudades. Sinto saudades da infância com meus primos, dos domingos na casa da vovó, dos primeiros amigos do São Francisco, das grandes amizades do colégio das irmãs, nos laços insolúveis que criei com amigos do anglo, das amizades inesquecíveis da época da faculdade. Tenho saudade do meu avô, de marcar os jogos dele, do baralho. Da minha primeira cadela, das minhas agendas cheias de “segredos”, do meu prato com desenho de sapo. São muitas coisas boas que o tempo insiste em querer arrancar da gente, mas que a cada dia passa eu recordo com mais clareza. E é bom sentir saudade. Saudade é sinal de que muita coisa boa foi vivida... muuuuita coisa boa! Ruim seria não tê-la de nada ou de ninguém. E o melhor de tudo é que eu ainda consigo trazer para perto aqueles que há muito foram inseparáveis. Aqueles que, de alguma forma, marcaram uma página ou a escreveram comigo à quatro, seis, oito mãos.
Sou feliz porque tenho saudade de ontem e certamente vou sentir muita saudade de hoje.

Meu melhor poeta disse:
"a saudade é prego parafuso, quanto mais aperta, tanto mais difícil arrancar." (Zeca Baleiro)
[eis quase tudo que eu quis dizer naquela noite e só saiu nada com nada.]